História

A história da Instituição remonta aos anos 30 do século XX, com o casal Elvira e Adolpho Soares.  Vamiré, filho do casal, sofria de uma doença oftálmica, sem perspectivas de tratamento efetivo na época.  D. Elvira, às escondidas do marido, passa a levar o filho a uma reunião espírita próxima, onde Vamiré passa a ser tratado mediunicamente pelo Espírito Bezerra de Menezes.  A melhora progressiva do menino chama atenção do Sr. Adolpho que, quando soube do tratamento espiritual, começou a estudar o Espiritismo, formando em sua casa ampla biblioteca.  Estes livros viriam a contribuir para a formação espírita de Vamiré e de seu primo, Lauro Soares de Mendonça. Com os anos e estudos, D. Elvira revelou-se médium. Por seu intermédio, o Espírito Bezerra de Menezes socorria  doentes com prescrições homeopáticas preparadas pelo Sr. Adolpho que, quando tinha dúvidas, recorria aos conselhos do Dr. Abraão Brickman, médico homeopata.

 

Avançamos no tempo. Já casado, Vamiré e sua esposa, D. Maria de Lourdes Carrano Soares, formaram seu próprio centro espírita domiciliar, à Rua Virgílio de Freitas, 36, também na Mooca.  Vamiré, médium, contava com a colaboração de seu primo, Lauro no esclarecimento de Espíritos sofredores.

 

Entre os Espíritos socorridos pela assistência mediúnica, um marcou a história da Instituição: Alice Pereira, acolhida pela mediunidade de Evy Soares, filha de Vamiré e Lourdes. Alice vivera em situação de rua em Belo Horizonte em sua última encarnação. Ainda atormentada pelo desequilíbrio mental-espiritual, recuperou a sanidade no decorrer das reuniões mediúnicas. Algum tempo depois, foi porta-voz da missão do grupo: construir um hospital para o tratamento de pessoas com transtornos mentais, integrando a terapêutica espírita à psiquiatria.

 

Assumindo a tarefa, o grupo de amigos, liderado por Vamiré e Lauro, visitaram um loteamento recém-lançado em Guarulhos, o Jardim Presidente Dutra, para sediar o projeto do hospital.  Explicaram a ideia ao gerente do empreendimento. Sr. Harry Adler, que não só se interessou pela empreitada, como acabou aderindo ao grupo, juntamente com sua futura esposa, Sra. Paulina Adler. Como os amigos não tinham recursos, todos passaram a vender lotes, ganhando terrenos como comissão. E assim, conseguiram cerca de 27 mil m2 de área para a construção do hospital, com uma doação substancial do dono do empreendimento Jardim Presidente Dutra, Sr.  Karl Mehler.

 

Vamiré Soares (primeiro à esquerda), em evento para obtenção de fundos
Lauro Soares de Mendonça (segundo da direita, de suspensórios)

D. Lourdes e Vamiré mudaram-se para o Jardim Presidente Dutra para acompanhar o início da construção e dos trabalhos. Em salão construído nos fundos da casa do casal, os fundadores deram continuidade às reuniões espíritas, sob direção de Lauro Soares de Mendonça. Já nessa época, D. Lourdes coordenava a distribuição de mantimentos, remédios, roupas e enxovais às famílias muito pobres e necessitadas da vizinhança. A Instituição adquiriu forma jurídica em 28 de setembro de 1958, sob presidência do Sr. Geraldo Machado da Fonseca.   O nome, na fundação, era Instituição Beneficente Casa de Saúde Allan Kardec-Alice Pereira, alterado em 1975 para  Instituição Allan Kardec – Alice Pereira, atualmente “apelidada” de  IAKAP.

 

 

Sr. Geraldo Machado da Fonseca, presidente da IAKAP entre 1960 e 1985.

 

 

No ano de 1960 foi lançada a pedra fundamental da Instituição. Em 1961 ficou pronta a planta do hospital, graças ao trabalho voluntário do Engenheiro Alberto Sansone.

Sr. Harry Adler (segundo da esquerda). Ao fundo, de gravata, o Sr. Sansone, engenheiro responsável pela planta do hospital.

 

Em 1966 foi inaugurado o “hospitalzinho” (prédio redondo), que serviria como pronto atendimento do futuro hospital.

 

 

Entretanto, a extrema pobreza do bairro e a inexistência de serviços públicos de saúde, educação e assistência social, fizeram com que a IAKAP adiasse o projeto da assistência a pessoas com transtornos mentais, para suprir as necessidades mais urgentes da comunidade.  Assim, no final de 1960, a Instituição inaugura o primeiro ambulatório médico gratuito do bairro, em imóvel alugado. Distribuições mensais de mantimentos às famílias mais pobres,  vestuário, cobertores no inverno, além de material escolar e medicamentos doados pela Sra. Paula Lissenko, minoravam as carências mais básicas daquele tempo. Os primórdios da Assistência Social eram coordenados pelo Sr. Harry Adler, que avaliava as necessidades de cada família, inclusive por meio de visitas domiciliares, providenciando documentos e facilitando o trabalho e o ingresso das crianças nas escolas.

 

Da. Paula Lissenko e as distribuições mensais de mantimentos, medicamentos e material escolar

Em 1968 teve início a escolinha dominical “Vovó Gloma”, coordenada pela Sra. Lourdes Aparecida Queiróz e pela Sra. Djanira Machado da Fonseca. A escolinha, que depois passou para os sábados, objetiva a educação cristã-espírita de crianças e adolescentes, percorrendo gerações até os dias de hoje.

Da esquerda para direita, “tios” Miro, Luiz, Cris (violão) e Joel

Na década de 70 a IAKAP firmou convênio com o Município (e depois com o Estado) para o funcionamento de uma escola pública de ensino fundamental na Instituição, já que a escola mais próxima era relativamente distante.  O  Sr. José Benedito Queiróz planta inúmeras árvores frondosas que transformariam a IAKAP em um pequeno oásis verde, em meio ao populoso bairro do Jardim Presidente Dutra, hoje com aproximadamente 50 mil habitantes.

 

Sr. Queiróz e seu inesquecível chapéu

 

 

Sr. Vamiré Soares
Da esquerda para direita, D. Eleonor, D. Lourdes Soares e D. Paulina Adler

À medida que o município ampliou os serviços no bairro, a Instituição foi adaptando os seus.  A escola de ensino fundamental deu lugar à Educação Infantil e à Educação Especial, com atenção à saúde, inclusive odontológica.

Profa. Ângela Pacheco, Técnica de Enfermagem Ilma Barreto e a Cirurgiã-Dentista Leila Maria Rodrigues Maciel

Avançando novamente no tempo, a Educação Infantil migrou para uma Escola Municipal de Educação Infantil construída em terreno vizinho à IAKAP. Adaptando-se para melhor servir, a Instituição ampliou a oferta de vagas à Educação Especial e passou a oferecer atividades socioeducativas no contraturno escolar a crianças e adolescentes.

 

Com o advento do Sistema Único de Saúde e as Unidades Básicas de Saúde, não era mais necessário a Instituição manter um ambulatório médico.  Na década de 90, a IAKAP implantou um ambulatório médico homeopata, com médicos voluntários e medicamentos doados pela Farmácia HN-Cristiano de São Paulo. Nos anos 2000, implantava-se no país a Estratégia de Saúde da Família, que viria a ser um marco na Atenção Primária à Saúde. Em 2002, a Instituição decidiu pela implantação de um Unidade de  Saúde de Família (USF), mas não havia espaço, pois a administração ocupava parte do prédio do prédio redondo, onde funcionaria a USF.

 

Administração da IAKAP em sala do ambulatório, no final dos anos 90

A Instituição, então,  apresentou um projeto ao Governo do Japão, via Consulado de São Paulo, dentro do programa de “ASSISTÊNCIA A PROJETOS COMUNITÁRIOS E DE GARANTIA DA SEGURANÇA DO SER HUMANO”. Quis a Providência e a generosidade do Governo do Japão, que a IAKAP fosse selecionada para receber uma doação que viabilizou, não só a construção de um prédio próprio para administração, como a reforma das salas de aula e banheiros próximos.

 

 

Diretoria da IAKAP no Consulado do Japão em São Paulo (2/9/2003). Da esquerda para direita: Sr. Carlos Alberto da Silva, Sr. Carlos Marcos Zechetto, Sra. Paulina Adler, Sr. Harry Adler, Sra. Wilma Maciel da Costa, Sra. Maristela Adler, Ubiratan Adler, ao lado do Imo. Cônsul da Seção Econômica do Governo do Japão, Sr. Tatsuo Ueda, além de dois assessores do Consulado.

 

 

A administração deixou o ambulatório que foi reformado pela Secretaria Municipal de Saúde de Guarulhos. A USF Walter Castro de Oliveira foi inaugurada durante o aniversário de 45 anos da IAKAP, em setembro de 2003.

Inauguração do Unidade de Saúde de Família Walter Castro de Oliveira. Na foto do meio, da esquerda para direita:

Sr. Márcio Sacco, Sr. Harry Adler, Sra. Vera Ferreira da Silva, Ingrid Machado Cabral, Thales Adler (sob a foto do Dr. Walter) e Maristela Adler.

As obras do prédio da administração e a ampliação/reforma das salas de aula e banheiros daquele bloco foram inauguradas em 2004. A IAKAP teve a honra de receber o Ilmo. Cônsul do Governo do Japão em São Paulo, Sr. Tatsuo Ueda e comitiva. O novo prédio foi nomeado Harry Adler, em homenagem ao amigo que administrou a Instituição durante praticamente 50 anos e que voltara ao Mundo Maior em dezembro de 2003. O projeto do prédio da administração foi um presente de outro amigo da IAKAP, o arquiteto Vincenzo Giovannitti.

 

 

Desde o final da década de 70, as reuniões mediúnicas da IAKAP foram transferidas para a Mooca, na Rua Camé, 151, em uma casa que viria a ser doada em testamento à Instituição pela Sra. Marietta Cardoso de Oliveira, que fora amiga do Sr. Vamiré Soares. Dada a precariedade do imóvel, após o desenlace da Sra Marietta as reuniões  passaram a ser realizadas em uma pequena edícula, nos fundos da casa. Na década de 90, a velha casa foi demolida.

 

 

Na sede, em Guarulhos, as reuniões espíritas só retornariam em meados da década de 80, por iniciativa e sob coordenação de Carlos Marcos Zechetto, filho de um casal de sócios fundadores (Maria e José Zechetto). Com sua dedicação e empatia, Marcos formou e agregou um grupo cada vez maior de colaboradores.  As reuniões tornavam-se numerosas, extrapolando a capacidade das salas de aula onde eram realizadas.  A construção de um centro em Guarulhos era um sonho adiado ano após ano, pelas restrições orçamentárias.

 

Cinquenta anos após a sua fundação, a Instituição finalmente teve condições de iniciar a construção do prédio que acolheria adequadamente as reuniões espíritas. O Núcleo Espírita Jesuíno de Guarulhos começou a ser construído em 2008 pelo empreiteiro Paulo Costa, segundo projeto generosamente doado pelo arquiteto Vincenzo Giovannitti.  A inauguração foi em dezembro de 2009.

 

 

Cortando a fita inaugural os sócios fundadores: Paulina Adler, Maria Zechetto e José Zechetto. Á direita e em destaque, Marcos Zechetto.

Em 2015 foi a vez do Núcleo Jesuíno de São Paulo ganhar um espaço mais amplo e adequado. A reforma e ampliação foi projetada e executada pelo Sr. Valques Rodrigues, frequentador das reuniões da Rua Camé.

 

A estruturação do Núcleo Jesuíno facilitou a expansão de suas atividades, que abrangem  reuniões de acolhimento, estudo, Evangelho e assistência mediúnica, além de atividades socioeducativas, como os “Amigos da Sopa” e o “Luz na Família”.  Outra mudança significativa foi a transição da diretoria, que gradualmente deixa de ser formada por familiares de fundadores, para ser assumida por colaboradores do Núcleo Jesuíno e por uma presidente presente e que põe a mão na massa…

Sra. Elizabeth Rochlus, presidente da IAKAP desde 2013